A Revolução Francesa
A Revolução Francesa representou a primeira
grande vitória da burguesia no sentido de ocupar o poder político e assim
organizar o Estado de modo de favorecer seus interesses. Superando os entraves
do mercantilismo e do regime absolutista, a burguesia francesa conseguiu
canalizar a insatisfação das camadas populares, usando-a em proveito próprio para
concretizar suas propostas de caráter liberal. As classes populares foram
manipuladas por leis baseadas no liberalismo econômico, que limitavam a ação
dos trabalhadores, proibindo-lhes inclusive o direito de greve. O
estabelecimento do voto censitário, que limitava esse direito ás pessoas cuja
renda não atingisse uma determinada quantia, impedia que as imensas maiorias
dos trabalhadores elegessem seus representantes, o que na prática os afastava
das decisões políticas.
Na verdade, com a chegada da alta burguesia
ao poder, estabeleceu-se a plena igualdade fiscal para todas as classes, mas a
igualdade civil e social ficou restrita ao novo grupo dominante. Durante todo o
desenrolar da revolução, o povo foi prejudicado pela freqüenta alta de preços
dos cereais e pela ação dos especuladores. O desemprego foi também constante, o
que tornava difícil ao povo manter as condições mínimas de subsistência. Apenas
no período de governo dos jacobinos, a situação dos trabalhadores foi aliviada
por medidas como a regulação dos salários e a lei do Máximo, que tabelou o
preço dos cereais e dos artigos de primeira necessidade.
Os jacobinos, assumirem o poder, souberam
canalizar todo o potencial e a energia revolucionária das massas, porque teve a
sensibilidade política de perceber que, sem a participação dos sans-culottes e
o atendimento ás suas reivindicações, a guerra não podia ser ganha e a
revolução ser salva. Não vacilaram em pôr em prática os únicos instrumentos
políticos que naquele momento podiam manter a unidade nacional, em frangalhos,
o terror e a ditadura. Com efeito, como conseguir impor, de um lado, o controle
geral dos preços, o racionamento, o recrutamento geral, em síntese, a economia
de guerra, de outro, como conseguir a eliminação da contra-revolução interna, sem
o terror e a ditadura?
Assim, não conseguindo os conciliar interesses
de seus variados grupos, o povo foi suplantado pela classe burguesa que, visando
á liberdade econômica, financiava a oposição com objetivos claramente
definidos: a derrubada do antigo regime e a afirmação do capitalismo em solo
francês. Essa primeira grande conquista burguesa marcou o início de uma nova
etapa histórica – a Época Contemporânea, pois seus efeitos foram sentidos não
só dentro do continente, mas de maneira significativa nas colônias da América.
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