RELEVO DE SANTA CATARINA: ANÁLISE GEOGRÁFICA A PARTIR DE RELEVANTES OBRAS

Resumo

Este trabalho, foi desenvolvido durante o componente curricular de Geografia de Santa Catarina, do curso de Geografia – Licenciatura da Universidade Federal da Fronteira Sul no Campus do município de Chapecó – SC. Na referente pesquisa, encontram-se nossas descrições que foram depreendidas a partir de leituras de importantes estudos teóricos pesquisados, entre tais documentos podemos citar obras como Geografia do Brasil, produzida em 1977 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, bem como a obra desenvolvida pelo instituto no ano de 1968 com a mesma nomeação. O presente relatório, tem como propósito, identificar as características geográficas do relevo do estado de Santa Catarina a partir de uma compilação de documentos acadêmicos e institucionais já descrito por outros autores.

Considerações Iniciais
A concernente pesquisa foi realizada durante o primeiro semestre letivo do ano de 2017/1, acerca do componente curricular de Geografia de Santa Catarina, ofertado à sétima fase do curso de Geografia - Licenciatura.


INTRODUÇÃO

No campo da Geomorfologia, quando se estuda o Relevo, percebe-se uma acentuada variedade de nomes e descrições, cuja análise mais profunda escapa ao objeto concreto deste trabalho. Portanto, na busca por uma análise específica sobre o Relevo do Estado de Santa Catarina, os elementos e formas de relevo priorizados foram aqueles que ocorrem e/ou predominam no Estado de Santa Catarina, e que nele se particularizam em relação aos processos que os originaram, especialmente tendo como referência estudos realizados a partir da Geologia, considerando também as informações contidas no Atlas Escolar de Santa Catarina (1991, p. 18), bem como as colaborações de Jurandyr Luciano Sanches Ross (ROSS, 2009).

RELEVO DO ESTADO DE SANTA CATARINA: aspectos gerais

            No volume cinco do livro Geografia do Brasil produzido em 1977 pelo IBGE, encontramos uma definição do relevo da Região Sul do Brasil.
De acordo com IBGE (1977, p.1)     
                                                                           
O Relevo da Região Sul do Brasil é caracterizado por um conjunto de relevos planálticos que se elevam em altitudes até mais de 1.000 metros sobre o nível do mar, decrescendo de altitudes no oeste, onde corre o rio Paraná nas altitudes de 100 a 300 metros. Abrangendo cerca de 3/4 partes do relevo regional, o mencionado conjunto é denominado de Planalto Meridional do Brasil e desdobra-se em planaltos que se sucedem de leste para oeste, bordejados por escarpas voltadas para o leste, no Paraná, em Santa Catarina e no nordeste do Rio Grande do Sul, onde o talude inflete-se para oeste-sudoeste, fragmentado em altitudes reduzidas, à medida que atinge o centro-sul do estado.

            Na primeira parte deste trabalho analisaremos o volume cinco do livro Geografia do Brasil 1977. No início deste capítulo, a autora Amélia Alba Nogueira Moreira e Gelson Rangel Lima correlacionam os relevos de Santa Catarina, Paraná e São Paulo e salientam que o relevo catarinense se difere dos demais por uma fragmentação da escarpa e a dissecação mais ampla pelo sistema de drenagem do rio Itajaí e de seus principais formadores que afluem em direção ao oriente. Para reafirmar a disparidade do relevo de Santa Catarina perante os demais, os autores citam o geólogo e explorador alemão Reinhard Maack, pois para este as discrepâncias perceptíveis entre a borda Oriental no Paraná e em Santa Catarina refletiriam no que Maack afirma ser, "o motivo principal para se considerar, em primeira linha o Paraná como um estado de planalto ou de interior, e Santa Catarina como região marítima".     
            Os autores do capítulo denominado RELEVO, que compõe a obra Geografia do Brasil, relatam que para que possamos analisar o relevo de Santa Catarina e de toda região Sul, devemos compreender sua gênese a partir da era Paleozoica, ou seja, um era da geologia histórica que estuda os continentes em diversos períodos geológicos pretéritos de uma estrutura de plataforma, na qual o grande período de tempo na história da Terra, denominado embasamento pré cambriano exposto forma a Borda ou a margem da Bacia de Sedimentação do Paraná.
            A era Paleozoica, teve início há 545 milhões de anos e marcou o começo da expansão da vida, as atuais regiões que comportam os Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul foram moldadas a partir do processo de desnudação periférica, processo este, que está relacionado à remoção da superfície de uma região condicionada a efeitos erosivos, tal processo ocasionou na constituição dos seguintes tipos de relevos: planálticos tabulares, cuestíformes e a planície disposta ao pé da escarpa da Serra Geral, que na região Sul do estado de Santa Catarina, ao aproximar-se do Oceano Atlântico torna-se o que os autores chamam de paredão abrupto.
            Para uma melhor compreensão acerca dos tipos de relevo encontrados nesta área, descrevemos abaixo uma caracterização dos relevos citados acima.
            Salamuni (2013, p. 9) aponta que os relevos tabulares são vinculados a camadas sedimentares horizontais ou sub-horizontais, associados ou não a derrames basálticos concordantes. Correspondem à chapadões e tabuleiros, mesetas em níveis altimétricos diferenciados. 
“Cuestas ou relevos cuestiformes relacionam-se a estruturas sedimentares (podem ou não estar associados a estratos basálticos e, geralmente, posicionam-se nas bordas das bacias sedimentares).” (SALAMUNI, 2013, p. 11).
            Os geógrafos que constituíram o livro, destacam que os geólogos João José Bigarella, Mousinho, Xavier da Silva e Salamuni, documentaram em suas pesquisas que nos Estados do Paraná e de Santa Catarina, houve transformações paleoclimáticas, estudadas no ramo da paleografia responsável por estudar as variações climáticas ao longo da história da terra. Os estudos realizados pelos geólogos, indicaram alternâncias de períodos secos e úmidos na elaboração de níveis de desnudação por processos de pediplanações, esses processos ocorrem a partir do desenvolvimento de seguimentos erosivos com regressão de escarpas, típicos de climas áridos a semi-áridos, tais pediplanações, transcorreram durante o Pleistoceno entre 1,8 milhão a 11.000 anos atrás.
            No subtítulo intitulado “Formação e desenvolvimento das velhas geossinclinais”, os geólogos descrevem acerca da evolução do escudo austro-brasília, que remete-se ao Pré-Cambriano, e pode ser discernida pela estrutura de formações geossinclinais. Winge (1993, p. 6) aponta que geossinclinal é uma grande bacia geológica alongada que recebe a sedimentação de milhares de metros de espessura provinda das áreas positivas laterais.
            Os geólogos relatam que ao ser acomentido no Pré-Cambriano Inferior pelos movimentos da crosta terrestre com origem em processos tectônicos, o embasamento exposto apresenta continuidades de rochas dobradas, intensamente metamorfizadas. As rochas da era Pré-Cambriana Inferior vieram-se incorporar às do Pré-Cambriano Superior quando ordenadas por rochas sedimentares parcialmente metamorfizadas, que também foram afetadas por dobramentos e metamorfizações e conduziram os diastrofismos do final doéon Proterozóico. As últimas formações a quais os autores se referem, são expostas pelas rochas do grupo Açungui no Paraná e Brusque no Estado Catarinense.
            Nas conclusões do capítulo, os autores se dedicam a descrever acerca da faixa litorânea catarinense, ao mencionar o sentido norte sul no qual se estabelece a costa litorânea, isto, até a aproximação do Farol de Santa Marta na região onde se encontra o município de Laguna – SC. Após esta localização, o litoral Catarinense se dá no sentido nordeste/sudoeste.
            Posteriormente, os autores do capítulo fazem citação ao geólogo brasileiro Fernando Flávio Marques de Almeida, que afirma determinados lugares da faixa litorânea Catarinense apresentam índices de submersão, entre eles está a ilha de São Francisco que é caracterizada como um antigo vale submerso.
            Almeida (1952), Formas de emersão recente sã encontradas pelo autor na falésia localizada ao sul da cidade de Itajaí, ao norte da ponta de Cabeçudas. À margem da rodovia, uma gruta talhada em xistos da série Brusque indica abrasão marinha e a presença de conchas marinhas.

RELEVO DO ESTADO DE SANTA CATARINA: sob a perspectiva dos estudos de Ross, no contexto da análise do Relevo Brasileiro e do Sul do Brasil

            Ross elaborou estudos que esclarecem e classificam com maiores detalhes as formações e feições de relevo que ocorrem em território brasileiro. No que diz respeito à região Sul do Brasil, apontou como origem geomorfológicas os seguintes processos: constituições sedimentares formadas por áreas recobertas por lavas vulcânicas; intensos processos erosivos em ambientes paleoclimáticos; em ciclos de dobramentos, metamorfismo regional, falhamentos; incluindo extensos processos intrusivos. As análise de Ross oferecem uma grande contribuição para se compreender, em termos gerais, o revelo Catarinense.
            No mapa elaborado pelo autor supracitado (fig. 1), observa-se como esse autor caracterizou o relevo brasileiro, em que na presente reflexão, destaca-se aquelas feições e processos que dizem respeito ao território de Santa Catarina.

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O RELEVO DO ESTADO DE SANTA CATARINA: aspectos gerais
Em seus estudos, Peluso caracteriza o relevo de Santa Catarina a partir das relações que se estabelecem entre as formas de relevo e a presença marcante de importantes bacias hidrográficas. O autor observa a forte interferência que os elementos fluviais exercem na gênese das modelagens regional. Peluso aponta em seu estudo sobre Relevo de Santa Catarina (1986, p.10),

A Região do Planalto é drenada, no norte, por rios da bacia do Iguaçu, e no sul, por águas do rio Uruguai, ambas as bacias hidrográficas orientadas para oeste, a área a leste do planalto e drenada por rios que se dirigem para o oriente, desembocando no Oceano depois de correr entre serras que se apóiam nas escarpas do planalto. As duas grandes regiões em que se divide o território catarinense são separadas pela Serra do Mar e pela Serra Geral.

O Atlas Geográfico Escolar de Santa Catarina acrescenta importante contribuição para a compreensão do relevo de Santa Catarina. Segundo essa obra, as formas de relevo do Estado Catarinense podem ser estudadas divididas em treze aspectos específicos que formaram que foram representados cartograficamente no mapa que as corresponde, conforme se pode constatar (fig. 2).


Buscando entender as respectivas unidades de relevo descritas e representadas no mapa acima, faça-se uma breve representação de cada uma delas:

Ø  Planícies Fluviais: Atreladas aos processos de erosão, transporte e deposição, condicionados pelos cursos fluviais.
Ø  Patamar de Mafra: presença de colinas e baixas altitudes, sendo que a altitude média é de 750 metros acima do nível do mar.
Ø  Planalto Dissecado do Rio Iguaçu/Uruguai: essa unidade de relevo caracteriza grande parte do relevo catarinense que se inclina de Leste para Oeste do Estado. Formada por planaltos e chapadas.
Ø  Planalto de Lages: caracterizado como um degrau entre os patamares do Alto Itajaí e o Planalto dos Campos Gerais. Ponto mais alto fica no Morro da Igreja, a 1860m de altitude.
Ø  Planalto dos Campos Gerais: são conhecidos como Planalto de Palmas, de Capanema, de Campos Novos e de Chapecó, as cotas altimétricas não superam a 1.200 metros baixando até 600 m.
Ø  Serra Geral: estreita faixa de relevo formado por escarpas e cuestas. Ocorre desde o norte do RS até as bordas do Planalto de Lages (SC).
Ø  Patamares da Serra Geral: possui uma faixa estreita e descontínua no extremo sul, com testemunhos de recuo da linha de escarpas conhecida como Serra Geral.
Ø  Planícies Costeiras: as planícies costeiras são marcadas pela transição entre os ambientes marinho e terrestre, abrigando diversos ecossistemas de alta relevância e fragilidade ambiental.
Ø  Depressão da Zona Carbonífera: encontra-se no extremo sul, com faixa alongada na direção N-S, onde predomina-se formas colinosas com vales e as vertentes íngremes e vales abertos.
Ø  Serras do Leste Catarinense: vai desde Joinville até Laguna, com seqüências de serras dispostas de forma subparalelas com altitudes de 100 até 1200 metros, com uma altitude média de 900 metros.
Ø  Patamares do Alto Rio Itajaí: forma de relevo originado por forte processo erosivo diferenciado em razão das diferentes composições de rochas. Nota-se grande amplitude altimétrica entre os topos dos morros e os fundos dos vales.
Ø  Serra do Mar: conjunto de Cristas e Picos, de grande amplitude da cota altimétrica.
Ø  Planalto de São Bento do Sul: entre as unidades da Serra do Mar e o patamar de Mafra, apresenta formas colinosas com altitudes entre 850 a 960 metros.

Considerações finais

            As reflexões desenvolvidas neste trabalho poderia ser mais detalhada, não fosse os limites próprios de um trabalho dessa natureza. Mesmo assim, julga-se de grande importância esse exercício de análise e síntese que aqui foi empreendido. Portanto, considera-se como satisfatório os resultados alcançados nos limites do objetivo principal que foi caracterizar as condições do Relevo do Estado de Santa Catarina.
            Apesar do pouco espaço que se pode dedicar aos estudos de Ross (ROSS, 2009), esse autor deve ser considerado uma referência importante na análise do relevo do território brasileiro, e por conseguinte, do relevo do território catarinense.
            Finalizando, essa breve análise didática, pode servir como referência em estudos futuros dessa categoria de análise geográfica (RELEVO), visando a continuidade de importante pesquisa e estudo.


Referências
ALMEIDA, Fernando Flávio Marques de. Contribuição à geomorfologia da região oriental de Santa Catarina. Boletim Paulista de Geografia. São Paulo, 1952. p.3-32.
JR, Victor Antônio Peluso.  Relevo do Território Catarinense.  Florianópolis: GEOSUL, nº 2 - 2º Sem. 1986, p. 7-69.
MOREIRA, Amélia Alba Nogueira; LIMA, Gelson Rangel. Relevo. In: IBGE. Diretoria Técnica. Geografia do Brasil. Rio de Janeiro: SERGRAF, 1977. v. 5, p. 1-34.
ROSS, Jurandyr Luciano Sanches.  ECOGEOGRAFIA DO BRASIL: Subsídios para Planejamento Ambiental. São Paulo: Oficina de Textos, 2009, p. 9-205.
SALAMUNI, Eduardo. Geologia Estrutural, 2013. Disponível em: http://www.neotectonica.ufpr.br/aula-geologia/aula10.pdf. Acesso em: 09 jun de 2017.
SANTA CATARINA. Secretaria de Estado de Coordenação e Planejamento. Subsecretaria de e Estudos Geográficos e Estatísticos. Atlas escolar de Santa Catarina. Florianópolis:  ECGP, 1991, p. 8-129
WINGE, M.Glossário Geológico: Geossinclinal, 2001.Disponível em: <http://sigep.cprm.gov.br/glossario/verbete/geossinclinal.htm>. Acesso em: 09 jun de 2017.




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