MEIO AMBIENTE E ECONOMIA: QUESTÃO DE SOBREVIVÊNCIA

RESUMO : Desde meados do século XX, nossas principais conquistas, em relação ao bem-estar humano, resultaram, sobretudo, de termos aperfeiçoado maneiras de extrair da natureza tudo o que ela pode nos oferecer. Assim, devido ao crescente uso e consequente degradação do ambiente natural, busca-se hoje, uma consciência cada vez maior de que nossa dependência pelo meio ambiente poderia levar a novos esforços para reverter o declínio dos recursos naturais. Não obstante a isso, a economia  uma das áreas relacionadas ao meio ambiente  surge com a necessidade de dar a sua contribuição para a melhoria da qualidade do meio ambiente e, principalmente, com o objetivo de proporcionar ao homem condições físicas, biológicas, sociais e psicológicas para desenvolver-se neste frágil sistema que nos sustenta.  O Brasil apresenta em sua matriz energética uma participação expressiva da geração hidrelétrica, no entanto, a construção de reservatórios para a geração de energia elétrica provoca impactos nos meios físico, biológico e social que causam alterações na economia das regiões afetadas pelas usinas hidrelétricas. A definição de uso racional dos recursos naturais se volta para a própria concepção da privilegiada espécie humana, vista como parcela significativa do reino animal dotada da faculdade de estabelecer relações lógicas dentro do mais apurado bom senso, equilíbrio e inteligência. Assim, o desenvolvimento econômico e a proteção ambiental podem e devem crescer em equilíbrio, justificando e revelando o grau de maturidade social e cultural de um povo, bem como a utilização plena da razão na satisfação dos desejos humanos.

PALAVRAS-CHAVE:  Meio ambiente, Cidadania, Economia sustentável

    
       O governador emite títulos equivalentes ao limite da capacidade de poluição de certa área. As empresas que poluem tem que comprar esses títulos, em bolsa, para poluírem uma determinada quantidade. Se melhorarem o processo e reduzirem a poluição poderão vender em bolsa títulos equivalentes à redução de poluição conseguida. O crescimento da população está se fazendo cada vez mais rapidamente, com o aumento da natalidade e expectativa de vida. A apropriação crescente dos recursos naturais não renováveis está impactando fortemente o meio ambiente e a humanidade está perdendo a batalha para substituir esses recursos por outros renováveis.
      A situação tende naturalmente a piorar porque a população da terra, partindo de 2 bilhões, levou 30 anos para atingir 3 bilhões, 15 anos para 4 bilhões,11 anos para 5 bilhões e 9 anos para 6 bilhões, no ano 2000. Em 2040 a terra terá 9 bilhões de habitantes. Se não for alterado o comportamento do homem em relação ao meio ambiente, os recursos naturais que hoje asseguram produção mais barata estarão consumidos e a poluição estará aumentada. Os investimentos para crescer economicamente e para produzir alimentos terão de ser cada vez maiores e levarão o mundo a uma crise. Faz-se indispensável tornar o desenvolvimento sustentável, ou seja, garantir que ele atenda às necessidades humanas no presente sem comprometer a capacidade de as gerações futuras atenderem as suas. Há um século que se fala na economia do bem-estar que objetiva a locação eficiente de recursos por uma sociedade. Como os recursos são escassos é necessário aperfeiçoar sua aplicação para que o balanço seja positivo, isto é que sempre haja saldo positivo entre o acréscimo do bem-estar.
     Mas, a nosso ver, com o crescimento da população, será inexorável o aumento do uso dos recursos naturais, como as florestas, porque o homem precisará de espaço para viver e área para plantar. Dez mil pesquisadores de 181 países analisaram as condições de 17 mil reservas naturais. O estudo foi realizado pelas ONG "União Mundial para a natureza", em 2001. Os cientistas disseram que um dos maiores desafios do século será encontrar uma forma de atender às necessidades da população e preservar a biodiversidade. Se o ritmo atual de devastação continuar, 25% das espécies de plantas e animais e metade das florestas poderão estar extintas ou seriamente ameaçadas em 50 anos.
      Não há como impedir que a sociedade, com o tempo, vá se transformando e mudando sua maneira de viver. O importante e ter uma fórmula para que a preservação do meio ambiente não perca, no geral, qualquer que seja essa transformação. Ninguém odeia a natureza. O problema se situa no plano econômico- financeiro e cremos que ai deva ser travado a luta pela preservação e conservação do meio ambiente e dos recursos naturais.
Seria feito um balanço anual da degradação ambiental que não poderia aumentar e se quantificaria, criteriosamente, em dinheiro o custo de reposição de qualquer prejuízo ao meio ambiente. O causador da degradação deveria ser penalizado com a compra de um titulo de um fundo que utilizaria o recurso para compensar esse prejuízo, incrementando projetos que reponham os ativos ambientes, mesmo que de outra natureza. Dessa forma, o balanço anual global não apresentaria prejuízo ambiental. Diante disso, passam por cima das questões ambientais, pois entendem que a economia é soberana e superior a tudo. Para os “tradicionais”, as questões de ordem ambiental não passam de meros setores pertencentes à macroeconomia, como são os casos da pesca, da agropecuária, das florestas, entre tantos outros. Para esses não há limites e obstáculos ditados pelo ambiente e a expansão da atividade produtiva pode ocorrer sem maiores transtornos. Pensando assim, os economistas tradicionais ignoram o que realmente se sucede em termos reais de movimentação dentro de um sistema econômico: entra (materiais) e sai (resíduos); entra matéria e energia, sai ejetada poluição (lixo); logo, a economia não pode ser vista como um sistema fechado. Ao contrário: a economia nada mais é que um sistema aberto dentro de um amplo sistema (o ambiente) que tem a finitude como sua maior característica. Nesse ponto, convém chamar a atenção para o desenho aqui apresentado: fluxos de entrada (materiais e energia) e de saída (produtos e resíduos ejetados) precisam ser considerados em sua essência, e não relegados ao descaso como é comum pela visão econômica tradicional.
      A economia é apenas uma parte de um todo; o todo é o meio ambiente. Nessa linha sistemática de defesa em torno do meio ambiente, quando se aponta dedo em riste sobre a atividade econômica, pontuando a exploração de recursos em favor de um crescimento antieconômico, é forçoso aventar que o “tipo de economia” que pretendemos capaz de assegurar a capacidade de progresso à geração futura, não está fazendo o jogo do antiprogresso, do antidesenvolvimento, da antievolução. Para termos progresso, desenvolvimento e evolução, de fato e de direito, é necessário entender que há limites biofísicos, e esses obrigatoriamente devem ser respeitados. Por isso, não há como escapar da seguinte premissa: crescer significa usar o meio ambiente, e mais crescimento significa menos meio ambiente, pois como aponta Herman Daly, a biosfera é finita, não cresce, é fechada (com exceção do constante afluxo de energia solar) e obrigada a funcionar de acordo com as leis da termodinâmica.
      Também por isso e para isso, cabe destacar que qualquer subsistema, como a economia, em algum momento deve necessariamente parar de crescer e adaptar-se a uma taxa de equilíbrio natural. Funda-se nesse argumento um fato imperioso: parar de crescer não significa parar de se desenvolver. É perfeitamente possível prosperar sem crescer. Prosperidade é sinônimo de bem-estar para todos. Logo, não pode haver prosperidade em ambientes que são constantemente expostos à degradação, reduzidos a poluição como objeto final, afetando a qualidade de vida das pessoas. Com isso, é urgentemente necessário trocar a busca incessante do crescimento (expansão quantitativa) pelo desenvolvimento (melhoria qualitativa). No linguajar dos economistas-ecológicos crescimento econômico vai até certo ponto, ultrapassado esse ponto não há melhorias, mas sim perdas significativas começando pela qualidade do ar que respiramos e pela completa destruição do espaço natural, afetando sobremaneira a qualidade de vida nas cidades, tornando-as insustentáveis.


 






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