“A Educação como campo social de disputa hegemônica. Relações entre sociedade, processo produtivo, processo de trabalho e Educação”.


    A educação, quando apreendida no plano das determinações e relações sociais, apresenta-se historicamente como um campo da disputa hegemônica. Algumas questões no âmbito das relações entre sociedade, processo produtivo, processo de trabalho e educação ou qualificação humana que têm sido tratadas por diferentes campos do conhecimento.

    No seu âmbito mais amplo, são questões que buscam apreender a função social dos diversos processos educativos na produção e reprodução das relações sociais. Historicamente, a educação dos diferentes grupos sociais de trabalhadores deve dar-se a fim de habilitá-los técnica, social e ideologicamente para o trabalho.

    A educação é, antes de tudo, desenvolvimento de potencialidades e a apropriação de “saber social”. Por fim, as questões apresentadas como desafio teórico e político-prático na relação trabalho-educação, e a “nova” função social dos sistemas educativos diante das novas formas assumidas pelas relações sociais de produção num contexto de crise do modelo de desenvolvimento que sustentou o processo de acumulação capitalista nos últimos cinquenta anos.

    Por esta perspectiva, o trabalho, a tecnologia, a educação são concebidos como fatores. A educação e a formação humana terão como sujeito definidor as necessidades, as demandas do processo de acumulação de capital sob as diferentes formas históricas de sociabilidade que assumir.

    A luta é justamente para que a qualificação humana não seja subordinada ás leis do mercado a á sua adaptabilidade e funcionalidade, seja sob a forma de adestramento e treinamento estreito da imagem do mono domestificável dos esquemas tayloristas, seja na forma da polivalência e formação abstrata.

    Na base da análise do seu tempo histórico e na perspectiva do avanço tecnológico e, portanto, da potenciação das forças produtivas, apontam a hipótese da superação do trabalho manual acabrunhador e a possibilidade da redução do trabalho sob o mundo da necessidade e a dilatação do mundo da liberdade.

    Antes mesmo da consolidação dos sistemas de ensino, em 1757, recomendava-se que o povo não eram dignos de serem esclarecidos, ou seja, o essencial é que houvesse cozinheiros ignorantes, e o que é de lei é que o povo seja guiado e não seja instruído. Em contrapartida, na mesma época, Diderot, fazia a recomendação á imperatriz da Prússia, defendendo a instrução para todos.

    Na medida, em que o sistema capitalista se solidifica e os sistemas educacionais se estruturam, assume nitidez a defesa da universalização dualista, segmentada: escola disciplinadora e adestradora para os filhos dos trabalhadores e escola formativa para os filhos dos trabalhadores e escola formativa para os filhos das classes dirigentes.

    Sem dúvida, hoje, continuamos a ser colonizados mediante a integração subordinada ao grande capital. Não só somos a sociedade que mais retardou a liberdade dos escravos, como pertencemos aquelas que os analistas situam como de Terceiro Mundo. Ao contrário do que ocorreu na Europa, onde o sistema de comunicação de massa se desenvolveu em uma sociedade amplamente escolarizada, no Brasil universalizou-se rapidamente, onde a maior parte da população é analfabeta ou semianalfabeta.

    Para a economia da Educação, que define a educação como fator de produção, se explicita somente no contexto das teorias do desenvolvimento, mais especificamente na teoria da modernização, após a Segunda Guerra Mundial. A ideia de capital humano é uma quantidade ou um grau de educação e de qualificação, tomado como indicativo de um determinado volume de conhecimentos, habilidades e atitudes adquiridas, que funcionam como potencializadoras da capacidade de trabalho e de produção. A questão básica é, que tipo de educação é gerador de diferentes capacidades de trabalho, por extensão, da produtividade e da renda.

    O início dos anos 1990 sinaliza, ao mesmo tempo, um processo de aprofundamento da relação trabalho-educação, um aumento significativo de pesquisadores da área que se preocupam com essa temática e a busca, tanto no plano teórico, como no plano político organizativo, da rediscussão da função social da escola no conjunto das lutas pela efetiva democratização da sociedade brasileira. Uma nova categoria é incorporada ao debate da relação trabalho-educação: a tecnologia.

    O primeiro desafio materializa-se no esforço de atender novas formas de sociabilidade do capital, a um tempo, produtoras e resultado da crise do “modelo” fordista de desenvolvimento e, portanto, de acumulação,concentração e centralização de capital que regulou as relações capitalistas no último meio século.

    O controle e monopólio do progresso técnico e do conhecimento que está na base desta nova sociabilidade são crucial na competição intercapitalista e na subordinação do trabalho ao capital. Mas o conhecimento é também uma força (material) na concretização dos interesses dos trabalhadores. A função social da educação e a formação humana é, para esta perspectiva, a de preparar para o tempo livre.

    Segue algumas questões pertinentes ao assunto: Por que o Brasil ocupa o constrangedor 88º lugar no ranking mundial de educação medido pelo Relatório de Monitoramento Global da Unesco entre 164 países? Por que 34,5% dos alunos do Ensino Médio não estão na série correspondente a sua idade? Por que apenas 2% dos estudantes querem seguir a carreira de professor?

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Paul Vidal de La Blache (1845-1918)

Climatologia - Conceito e Evolução