Alfabetização Cartográfica
Bernardo Luza/Universidade Federal da Fronteira Sul
INTRODUÇÃO.
A Cartografia
pode ser entendida como a Ciência que trata dos estudos e operações tanto
científicas, técnicas e artísticas de qualquer forma de representação da
superfície terrestre sejam por meios de mapa, cartas, maquetes etc. Seus
trabalhos são resultado das observações diretas e/ou de exploração de
documentações, tendo em vista á elaboração de produtos cartográficos de acordo
com determinados sistemas de projeção e de uma determinada escala.
Na questão alfabetização cartográfica
refere-se ao processo de domínio e aprendizagem de uma linguagem constituídos
de símbolos e significados: uma linguagem gráfica. No entanto, não basta a
criança desvendar o universo simbólico dos mapas, é necessário criar condições
para que o aluno seja leitor crítico de mapas ou um mapeador consciente. De
certo modo, trabalhar com alfabetização cartográfica é de suma importância, pois
faz parte do processo de ensino aprendizagem que os alunos de ensino
fundamental (1° a 4° séries) devem vivenciar para tornarem-se aptos a elaborar
e interpretar mapas, além disso, desenvolver habilidades e capacidades na
leitura do espaço geográfico.
O domínio da linguagem cartográfica
constitui num fator de relevância para o desenvolvimento do ensino dos
conteúdos relacionados a geografia entre outras disciplinas escolares,
principalmente das crianças, porque a partir desses conhecimentos os alunos passam
a compreender melhor a organização do espaço onde eles se encontram,
minimizando desta forma as dificuldades nas series posteriores, pois os
conteúdos se apresentam de forma mais complexa. Os alunos devem
obrigatoriamente ter conhecimentos á respeito de leitura de mapas e do próprio
espaço geográfico. Neste sentido Santos (2001), enfatiza que:
...a linguagem cartográfica traz o espaço como um produto-produtor da
existência
do homem na sociedade, o espaço organiza o fluxo da história
distribui as relações da sociedade no território, articula a unidade
dessas
relações na dimensão política do estado. (SANTOS,2001)
O tema – Alfabetização Cartográfica Métodos
Pedagógicos nas Series Iniciais foi escolhido devido á importância da
cartografia no ensino fundamental como um dos conteúdos relacionados a
geografia e que busca a compreensão do objeto de estudo da Geografia, que é o
espaço geográfico.
Neste contexto, a atividade sugerida, a
partir de uma pesquisa com o foco de investigar o trabalho dos docentes das
escolas públicas no município de Chapecó/SC, com relação a alfabetização
cartográfica realizadas nas series iniciais, objetivando a investigação das
práticas relacionadas ao ensino e aprendizagem
da linguagem cartográfica no ensino na área de Geografia, assim como
perceber a importância do ensino da cartografia para o desenvolvimento
cognitivo dos alunos de primeira a quarta series do ensino fundamental,pois
A
todo ato conseguido se reproduz pela repetição até automatizar-se, na fase
inicial, é uma atividade lúdica, na
qual os rabiscos nada significam. Ao dar uma
interpretação para seus rabiscos, a criança inaugura uma nova fase, que
Luquet
denominou incapacidade sintética.
(Almeida,Rosângela Doin de.2001,p.23)
2. A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DA CARTOGRAFIA NAS SÉRIES
INICIAIS NA DISCIPLINA DE GEOGRAFIA
A Cartografia é um dos objetos de estudo da dita geografia
escolar, durante todo o ensino básico, estudar a linguagem cartográfica desde
os primeiros anos escolares possibilita a criança a capacidade de desenvolver a
percepção do seu espaço de vivência, para mais tarde terem capacidade cognitiva
mais complexas sobre suas aplicações e possibilidades de entendimento do
espaço.
O professor como
medidor deve passar para as crianças desde seus primeiros anos de escola , que
o mapa é um instrumento que traz informações e que este não é apenas uma ilustração.
Num primeiro momento é preciso que a criança seja uma mapeadora para depois vir
a ser um leitor eficaz de mapas, desta forma
A criança representa os elementos
mais característicos do objeto, inde-
pendentemente da posição
que ocupem no objeto real, uma atividade
simbólica e capacidade de representar objetos no desenho. Começam
a diferenciar formas retilíneas e curvilíneas.
(Almeida,Rosangela Doin
de. 2001)
Dentro essa
linha de raciocínio nota-se que a criança ao aprender a ler um mapa consegue
realizar transformações, dentro do contexto sócio-espacial. O professor pode
utilizar-se de várias estratégias que envolvam o manuseio, iniciação a leitura
de documentos cartográficos, pois uma linguagem está presente em jornais,
revistas, televisão internet etc, pois seu uso no ensino fundamental serve como
processo de apreensão dos conhecimentos e de aquisição das habilidades que
conduzem o educando a representar, entender e aprender a realidade ao longo de
sua vida.
A perspectiva
de cima é um problema difícil para as crianças. Além
De reconhecer que os objetos terão uma aparência diferente,elas pré-
cisam
descobrir de que forma serão diferentes e como mostrar isso
No papel para que seja aceito pelos outros. Segundo Piaget, crianças
Menores
tendem a usar como ponto de referência para uma unidade
outra que esteja mais próxima. (relação de vizinhança)
(Almeida, Rosangela Doin de,2001.p 33 e 34)
Neste ciclo o
docente deve trabalhar com imagem deve propor aos seus alunos que desenham, com
isso eles começaram a usar mais objetivamente as noções de proporção, distância
e direção que são fundamentais para a compreensão e uso da linguagem
cartográfica, o professor pode utilizar os conhecimentos prévios dos alunos em
relação a localização e orientação no espaço e realizar a mediação para que
este conhecimento seja ampliado, introduzindo gradativamente elementos mais
complexos em suas atividades. Para o desenvolvimento da Alfabetização
Cartográfica espera-se que os alunos reconheçam no seu cotidiano as referencias
de localização, orientação e distância de modo a deslocar-se com autonomia e
representar os lugares onde vivem e se relacionam.
3. A ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA NAS SERIES INICIAIS NO
OESTE DE SANTA CATARINA.
No intuito de
analisar e avaliar como anda o ensino da cartografia escolar nas primeiras
series da rede pública da região oeste de Santa Catarina, foram realizadas
algumas entrevistas, com o objetivo de construir um quadro qualitativo da
realidade encontrada a partir da compreenção de coma tal conhecimento vem sendo
utilizados cotidianamente nas práticas pedagógicas.
Entre os professores
entrevistados percebeu-se que o grau de formação e o tempo que atuam nesta
profissão variam, verifica-se que todos têm uma vasta experiência em sala de
aula entre 10 a 16 anos. Embora a todos os professores possuírem uma longa
vivência no ensino, inclusive da geografia, percebeu-se que o tema
alfabetização cartográfica para a maioria dos professores era desconhecido, os
mesmos argumentaram que disponibilizavam apenas de duas aulas de geografia
semanalmente abordando em algumas delas noções cartográficas e que trabalhavam
com mapas em atividades variadas através de elaboração e/ou pinturas de mapas.
Todos disseram
trabalhar as questões de orientação, localização e representação do espaço,
noções que fazem parte do ensino da cartografia nas primeiras séries, afirmaram
trabalhar com jogos, brincadeiras, utilizando materiais diversos assim como os
próprios alunos como referencia de algumas atividades, para crianças entre a
faixa etária de 6 a 7 anos, aplica-se as relações espaciais que se estabelecem
no espaço próximo como dentro, fora, longe, perto e outras.
Quando questionados
sobre a disponibilidade de materiais para trabalhar as noções cartográficas as
respostas variam, alguns disseram ter o material, mas estes estavam em péssimo
estado de conservação, outros tinham porem eram poucos e que na maioria das
vezes estes materiais eram improvisados. Duas dificuldades foram apontadas: a
falta de interesse por parte de alguns alunos aos conteúdos ensinados e não
saber a forma correta de se trabalhar as questões inerentes à linguagem
cartográfica.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O uso da linguagem
cartográfica é de fundamental importância para o desenvolvimento do cidadão em
suas atividades diárias, desde uma simples indicação de caminho entre a casa e
o local de estudo até mesmo em situações mais complexas que necessitam de uma
analise mais apurada do espaço a sua volta ás noções cartográficas devem estar
presentes no intelecto das pessoas. Todavia como já foi explanado, alfabetizar
cartograficamente os alunos desde as series iniciais corresponde numa atividade
pedagógica fundamental para o bom desenvolvimento da cognição visual do aluno,
não só para o aprendizado dos conteúdos geográficos, mas também para a vida do
aluno que passara a conhecer a representação do espaço em que vive.
Torna-se necessário
trabalhar com as noções cartográficas desde o primeiro ciclo, porque esse
conhecimento ao ser adquirido pelos alunos possibilita que os mesmos tenham
melhores desempenhos nas próximas séries, no entendimento das questões
espaciais.
REFERÊNCIAS:
Almeida, Rosangela Doin de. Do desenho ao mapa: iniciação
cartográfica na escola/ Rosangela Doin de Almeida.-São Paulo: Contexto, 2001
(Caminhos da Geografia)
Comentários
Postar um comentário