Feiras Científicas


Feiras científicas: para um conhecimento necessário em tempos de transformação


BERNARDO LUZA*



 

RESUMO – Este artigo tem como objetivo analisar uma das inúmeras fontes do conhecimento a que os jovens têm acesso, mas pode fazer a diferença, pois possui o poder de, por meio do contato cotidiano dos docentes com os alunos, capacitar não para a pobreza política” e para a acomodação, mas para a autonomia de pensamento e para novas descobertas científicas, esclarecendo, inclusive, que a indiferença é um dos elementos que impede os sujeitos de fazerem a “diferença” no espaço em que vivem.
A reflexão, por parte das escolas em geral, acerca dos conteúdos trabalhados em sala de aula é de suma importância. É essencial, no entanto, que se reflita até que ponto os conteúdos que são contemplados no processo de aprendizagem informam e educam para o exercício da Cidadania. Em alguns casos, a preocupação central dos docentes limita-se a uma execução fiel do plano de ensino. Esses acabam por deixar de lado a reflexão acerca de seu posicionamento dentro de uma sociedade onde as pessoas são tratadas de forma igual, mas deveriam ser, onde as pessoas não possuem o mesmo poder aquisitivo, mas deveriam possuir, onde a maioria das pessoas não participa ativamente, não se posiciona, não pensa na coletividade, mas deveria assim o fazer. Por meio de pesquisa deve-se considerar que os jovens pesquisadores, no entanto, alunos de ensino fundamental e médio devem ter este incentivo desde o início, para tornar um país mais igual e com oportunidades para todos.   

Palavra-chave- Feiras científicas. Cidadania. Oportunidades.

 




   Ao iniciarem no Brasil, na década de 1960, as primeiras feiras escolares serviram para familiarizar os alunos e a comunidade escolar com os materiais existentes nos laboratórios, antes quase inacessíveis e, de certo modo desconhecidos na prática pedagógica. É importante destacar que desde os anos de 1950 e mais fortemente no final da década de 1960 foram difundidas diferentes abordagens de ensino, baseadas na problematizarão e realização de experimentos para o ensino de ciências.
   Na década de 1980, os professores de ciências especialmente de ensino fundamental, foram convidados a participar de cursos de treinamento, que se destinavam a introduzir no currículo aula de laboratório e feiras de ciências como forma de viabilizar o método científico (Gouvêa, 1992). Os professores começaram a modificar a ação pedagógica em sala de aula, permitindo a interferência dos alunos durante as suas explicações, nesse período foi possível observar uma tendência de mudança do nome feira de ciências para feiras científico-cultural. Atentamente outras disciplinas como: Geografia, História e física, além de Ciências e Biologia. Foram assumindo o cenário dessa nova modalidade de feira, porém a metodologia de preparação, apresentação e avaliação continuaram sendo a mesma de antes.
   O ensino nos projetos implica em um olhar diferente do docente em relação ao aluno, sobre seu próprio trabalho e sobre o rendimento escolar. O ensino por projetos envolve planejar, desenvolver e avaliar atividades, condições que podem ser estruturadas em três fases: problematização, sensibilização, viabilização, implementação e consolidação para as feiras de ciências se constituírem palco para um trabalho baseado no ensino por projetos.
   A ciência difere da experiência, enquanto a experiência se resume no conhecimento das coisas particulares. A ciência expõe o conhecimento das coisas universais, no que se refere a isso, a experiência pode parecer mais importante, superior a arte (ciência), no entanto, ela não pode ser avaliada desta forma, porque enquanto a experiência conhece os fatos meramente, os indivíduos que são dotados da ciência buscam conhecer as causas, o porquê dos fatos. Como por exemplo: Uma “pessoa de experiência”, ao ver nuvens negras no céu, vai expressar “hoje vai chover!”. E nada mais relevante do que isso, uma pessoa que possui certo conhecimento científico na área de meteorologia já vai saber explicar porque se formaram as nuvens negras no céu que levarão a chuva para a terra.
   O conjunto de várias experiências semelhantes em determinada área forma um juízo (senso comum), no entanto, existe a barreira entre o popular e o científico que se chama processo e os difere um do outro. De certo modo, quanto ao conceito de região, pode se dizer que este, inicialmente, estava centrado nas características do ambiente natural (clima, vegetação, relevo). A partir da década de 70 vai surgindo uma nova concepção de região, onde se valoriza os aspectos culturais, a forma de pensar, a história dos povos que habitam os mais inúmeros territórios. A fundamentação que sustenta este novo e inacabado conceito tem como base o materialismo histórico e dialético, ou seja, surgem discussões (teses) que se preparando com outras discussões (antítese) constroem conflitos e fazem surgir novas verdades (síntese), sujeitas a permanentes questionamentos.
   Sendo assim, a região não é apenas um território onde as modificações acontecem somente a partir de acontecimentos climáticos, mas é um território ocupado por pessoas que compõe certos grupos sociais, encontrando-se inquestionavelmente, em condições de transformação. Uma região pode ser resposta aos processos capitalistas, pode ser consequência do agrupamento de pessoas com traços culturais iguais ou semelhantes, ou mesmo consequências de relações políticas (Behring, Elaine Rossetti, 2006).
   A região é resultado de processos sustentados pelo desejo de mudanças sociais, onde se zela pelo processo e pelo desenvolvimento sustentável que, deve ser “ecologicamente correto, economicamente desenvolvido socialmente justo, politicamente democrático e soberano e eticamente respeitável”. (Milton Santos fala sobre as forças que constroem o território).
   Simultaneamente, existem diversos elementos e características do mundo físico, cheio de riscos, mas o caráter fundamental de uma paisagem e de qualquer cenário da natureza resulta das ideias e de sentimentos que suscita no observador para a teoria e construção de um novo paradigma funcional.
   As feiras de ciências de acordo com a proposta de ensino por projetos envolvem etapas fundamentais de preparação, desenvolvimento e avaliação, assim como qualquer projeto de pesquisa e ensino. A metodologia de ensino por projetos estruturante da feira de ciências constitui uma oportunidade ímpar para a formação continuada de professores, pois envolve a sensibilização dos participantes, o planejamento da proposta, a implementação e a avaliação do trabalho, sendo que, em todas essas etapas, os professores se deparam com desafios que precisam ser discutidos coletivamente.
   Destaca-se a forma da escola criar oportunidades para os alunos integrarem conteúdos de diferentes disciplinas curriculares, além de abrir espaço para o estudo e trabalho de conteúdos extracurriculares. Ao ser concebido como um projeto, o evento passa a ser uma das etapas a serem realizadas, visto que as dimensões sociais e culturais das relações entre os envolvidos no projeto fortalecem vínculos afetivos e a formação cidadã.
   Na teoria de Charles Darwin, em que os animais fracos tinham menor capacidade de evolução e de se adaptar ao meio, por outro lado, os animais fortes se reproduziam facilmente, obtinham evoluções em suas gerações e dominavam outras espécies. Mas então, os países desenvolvidos dominam seus inferiores, manipulam, sugam toda riqueza existente e por fim os endividam. As feiras de ciências tornam os conteúdos e atividades escolares mais próximas e simplificadas em relação à prática em sala de aula, traçar um mapa, relatar várias informações econômicas de um determinado país, discutir e sugerir novos conceitos sobre energia (química, eólica, nuclear, solar, térmica ou mecânica), produz impactos sobre o meio ambiente, que, se preservado, gera sustentabilidade.
   O uso de mapas conceituais para planejamento de atividades é uma ferramenta para promover a discussão interdisciplinar a partir de um tema sugerido para uma feira de ciências, além de facilitar a organização de conceitos e proposições que podem ser trabalhados em projetos escolares. A elaboração dos mapas dentro de um contexto de construção de projetos interdisciplinares e investigativos para feiras de ciências concede a essa construção um caráter particular e inovador em relação ao uso que se tem dado até o momento a mapas conceituais.
   É imprescindível que as escolas da educação básica adotem eventos dessa natureza, para promover uma cultura científica que ajude os alunos na compreensão dos acontecimentos cotidianos e agir com o pensamento crítico e autônomo dentro da sociedade em que vive. Contudo, muitas escolas ainda se apresentam tímidas quanto á proposta de ensinar ciências usando estratégia pedagógica, a ideia inicial é definir os conteúdos que serão trabalhados, construindo blocos temáticos de acordo com os conteúdos programáticos do ensino médio que os alunos puderam optar, dentre esses assuntos, em qual situação gostariam de desenvolver os projetos.
   Assim como os cientistas não abandonam suas teorias de forma imediata pelo fato da teoria não estar de acordo com dados empíricos, as atividades experimentais devem procurar enriquecer teorias pessoais sobre a natureza da ciência através da construção de argumentos e a discussão destes. (Barbosa, Rosangela Nair de Carvalho. 2004) Essa discussão foi direcionada ainda apontando questões éticas na ciência e da construção do conhecimento científico por meio de questionamento, discussão, argumentação e validação desses argumentos mediante o diálogo oral e escrito.
   Para muitos, existe um crescente descontentamento em relação á forma como habitualmente são avaliados os trabalhos, o que apontou aos professores formadores a necessidade de repensar, também, o aspecto avaliativo das feiras de ciências. Um terceiro aspecto é que esses eventos transformaram-se, com o passar dos anos, em mostras culturais que reúnem trabalhos de diferentes componentes curriculares, além daqueles da área de ciências da natureza (Ciências, Biologia, Física e Química).
   A teoria científica que utiliza a lógica do saber técnico-instrumental se sintetiza no nascimento da ideia de que o conhecimento consiste na dominação da natureza e da sociedade. Com isso, ela reúne junto a si a busca constante de novos métodos de explorar novos caminhos, as descobertas realizadas são aplicadas para efetivação de determinados objetivos, na maioria das vezes, beneficiando somente uma minoria.
   Na medida em que a razão se torna instrumental, a ciência vai deixando de ser uma forma de acesso aos conhecimentos verdadeiros, para tornar-se um instrumento de dominação, poder e exploração. Quando submetida à certa desconfiança por parte da população, é amparada pelos meios de comunicação de massa, que lhe conferem uma imagem exaustivamente solidária e justa.Todos objetos que a ciência constrói visam oferecer mais precisão na realização de determinada função ou na construção de outro objeto, diretamente ligado a dominação da natureza, é preciso ter cuidado para não enganar-se quanto ao processo que envolve está ordem.
   Quando ouvimos um fato que aconteceu em determinado local, em tal data, sendo contado por um colega de trabalho, podemos obviamente confiar nas palavras por ele proferidas, no fato tal qual nosso colega contou, no entanto, se formos à busca de mais fragmentos, perceberemos que o fato não aconteceu exatamente da forma como nosso colega contou. É fácil confiar no conhecimento que é oferecido de forma tão gratuita, não é difícil, porém, perceber que este conhecimento não é real. Isso ao menos, para as pessoas que não se contentam com uma versão individual, é necessário perceber não somente a maçã que está podre, mas as causas que levaram a fruta à obtenção de tal estado de decomposição, sobretudo, é para isto que existe as feiras de ciências.


CONSIDERAÇÕES FINAIS
   Deve-se considerar que os jovens pesquisadores, em sua maioria, possuem “bons acessos” e são proprietários de um conhecimento significativo. Logicamente, não se pode esquecer que houve momentos de pesquisa e participação, significativamente, também se deve considerar que os alunos optaram por novas técnicas de pesquisa e elaboração dos fatos.
    Resulta que a necessidade de um trabalho que traga reflexões acerca do exercício do conhecimento para os alunos abre um campo de pesquisa para a própria universidade, sendo necessário garantir o desenvolvimento das atividades de uma forma integral, pois a escola é somente uma das inúmeras fontes de conhecimento a que os alunos têm acesso, e possui o poder de, por meio do contato cotidiano dos docentes com os alunos, capacitar não para a “pobreza política”, esclarecendo inclusive, que a indiferença é um dos elementos que impede os sujeitos de fazerem a “diferença”no espaço em que vivem.
No entanto, torna-se importante perceber que todo aluno possui um grande potencial para adquirir novos conhecimentos, basta incentivar e obviamente ativar a autoestima do aluno dando ênfase aos trabalhos em grupo e pesquisa individual. O método de pesquisa sobre assunto diversos é útil e, sobretudo, muito importante, toda a comunidade escolar necessita integrar-se visando resultados positivos no ensino-aprendizagem do aluno, sendo que um aliado importante nessa integração é o planejamento, pois é através dele que prevemos ações docentes voltadas para problemática social, econômica, política e cultural que envolve toda escola e, por consequência dessa integração, conseguimos alcançar resultados positivos quanto á educação do corpo discente, tendo em mente a importância de uma metodologia que direciona o processo educativo, precisamos ainda mais saber que planejar é tomar decisões, mas essas decisões não são infalíveis, o planejamento sempre está em processo, portanto em evolução.
Sendo assim, podemos dizer que cabe á escola a elaboração de seus planos curriculares, partindo da orientação dada pela Lei ou pelos sistemas, com a finalidade de atender ás características locais e ás necessidades da comunidade e, sobretudo ás do aluno. Conseguimos alcançar resultados positivos referentes a está atividade, houve participação maciça dos professores e posteriormente a solução de vários problemas existentes na escola, assim sendo, o bom planejamento de ensino é aquele que melhor adapta-se a realidade sociocultural em que o aluno está inserido, é aquele que visa objetivos concretos com utilização de linhas ininterruptas de pensamento, mas flexíveis o bastante para tomar caminhos diferenciados sem perder a direção.


REFERÊNCIAS
BARBOSA, Rosangela Nair de Carvalho. Gestão: planejamento e administração. Temporalis, Porto Alegre, Abepss, ano 4, n.8, jul/dez. 2004, p. 51-76.
BEHRING, Elaine Rossetti; Política social: fundamentos e história, São Paulo: Cortez, 2006.


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